terça-feira, 12 de agosto de 2008

Sobrenatural

Quando a gente pensa que o Grêmio do Roth já nos surpreendeu o bastante, vem a imortalidade novamente mostrar que “Grêmio” e “surpreender” são palavras que não se casam. Mas 4×0 nunca será um placar natural num confronto entre Grêmio x Atlético em qualquer lugar ou circunstância. O que vimos ontem foi a consolidação do sobrenatural, a palavra que explica, não os fins, mas os meios desta liderança inédita do Grêmio ao fim do primeiro turno de um Brasileiro sem mata-mata.

Sobrenatural como Marcel sendo eleito o melhor em campo, não pelo papel de centroavante (até perdeu gol na cara), mas pela armação de jogadas. Sobrenatural como um goleiro do tamanho do Victor ter tanto reflexo como demonstrou mais uma vez. Sobrenatural como o trabalho do melhor setor defensivo ser responsável também pelo melhor ataque da competição. Induzindo á insistência em transpor o quase intransponível até provocar a impaciência e o inevitável erro, invertendo também a lógica de que a melhor defesa é o ataque.

Sobrenatural como a preparação física demonstrada pelo time em um campo enorme como o do Mineirão, três dias depois de parecer cansado em um jogo em casa. Sobrenatural como Reinaldo entrando no final da partida e marcando dois gols em sete minutos. Sobrenatural como ter Souza no banco de reservas, entrando no final das ultimas três partidas sempre com participação direta em gols.

Sobrenatural como os 72%, que é o recorde de aproveitamento de um clube ao final do primeiro turno na era dos pontos corridos do Brasileirão. “Sobrenatural nada” diria a camisa tricolor se tivesse boca. “Sou assim mesmo, ainda não aprendeu?”.

Meio caminho andado, ainda são 19 jogos para o time manter esta obediência tática e a determinação de um grupo operário. Um turno inteiro para a torcida continuar fazendo a sua parte, dentro e fora de casa, para aí sim gritar “É campeão”, com a mesma naturalidade de sempre.

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