 A proposta que pousou na mesa do presidente do Grêmio, Luís Carlos Silveira Martins, o Cacalo, parecia irrecusável. O Corinthians, sentado em cima dos cofres do Banco Excel, oferecia 6 milhões de reais pelo atacante Paulo Nunes.Um negocião, já que o jogador havia chegado ao time gaúcho por 700 mil dólares, como contrapeso na contratação do atacante flamenguista Magno.
A proposta que pousou na mesa do presidente do Grêmio, Luís Carlos Silveira Martins, o Cacalo, parecia irrecusável. O Corinthians, sentado em cima dos cofres do Banco Excel, oferecia 6 milhões de reais pelo atacante Paulo Nunes.Um negocião, já que o jogador havia chegado ao time gaúcho por 700 mil dólares, como contrapeso na contratação do atacante flamenguista Magno.O presidente balançou, perdeu noites de sono, mas resistiu ao canto da sereia corintiana. Quatro meses depois, o dirigente comemorava a decisão.Paulo Nunes havia se transformado no herói da conquista da Copa do Brasil. Na final, dentro de um Maracanã rubro-negro, o atacante não marcou nenhum gol do empate de 2 x 2 com o Flamengo, mas deu o passe para o primeiro tento e passou o jogo inteiro semeando pânico no adversário.
Paulo Nunes terminou a Copa do Brasil como artilheiro (nove gols) e melhor jogador. Repetiu assim o feito do Campeonato Brasileiro, quando também terminou campeão e goleador (16 gols). "Bendito o dia em que não vendi Paulo Nunes", comemora Cacalo. Com o atacante - e o próprio time - em grande fase, a torcida encheu o estádio e pelo menos 3 milhões de reais entraram nos cofres gremistas."Este não é de mais ninguém", vibrava o capitão Mauro Galvão no Maracanã. 
Essa talvez tenha sido a mais dramática conquista do esquadrão gremista. Em metade das partidas, a equipe sofreu expulsões. Verdade que muitos dos cartões vermelhos foram merecidos.Outro complicador foi disputar a Libertadores simultaneamente. Numa terça-feira, o time enfrentou o Guarani, do Paraguai. Ganhou numa dramática disputa de pênaltis. Em menos de 48 horas, o time entrava de novo em campo para enfrentar o Corinthians pela Copa do Brasil. "Não sei de onde a gente tira tanta força", exulta Paulo Nunes.
"Nós nem dormimos direito naquela semana". Mas quem não dormiu direito foram os corintianos, derrotados por 2 x 1 em casa.Mas onde está o segredo do sucesso do Grêmio?1) O clube prioriza as competições nacionais e internacionais. Já em 1994 colocou uma equipe mista para disputar o estadual, concentrando forças na Copa do Brasil e na Libertadores.2) O tricolor vive numa estabilidade administrativa desde que o grupo político de Fábio Koff assumiu o poder. Koff passou o bastão para Cacalo e continuou como eminência parda do clube.3) A estabilidade se estende à comissão técnica.
O técnico Luiz Felipe Scolari ganhou a Libertadores e o Brasileiro, e só saiu por vontade própria. Em seu lugar assumiu Evaristo de Macedo, que manteve o mesmo elenco.4) A sagacidade na hora de fechar negócios é outra faceta do Grêmio. Comprou o atacante Jardel por 1 milhão de reais e o meia Arílson por 30 mil. Jardel foi vendido por 2 milhões e Arílson por 3 milhões.5) O clube investiu nas categorias de base, de onde saíram Danrlei, Roger, Carlos Miguel, Rodrigo Gral e Murilo.
Apesar do cansaço e do olho grande dos adversários, o Grêmio conseguiu se impor e ganhar um título nacional. E o grito da torcida tricolor - "Ah, eu sou gaúcho" - reverbera até hoje nos ouvidos de baianos, paulistas e cariocas.
Campanha:
18/03 Fortaleza 2 x 3 Grêmio Zé Alcino (2), Paulo Nunes
25/03 Grêmio 3 x 1 Fortaleza Paulo Nunes (2), Dinho
04/04 Grêmio 2 x 1 Portuguesa Paulo Nunes, Dinho
08/04 Portuguesa 1 x 1 Grêmio Paulo Nunes
18/04 Grêmio 2 x 0 Vitória Paulo Nunes, Goiano
03/05 Vitória 3 x 3 Grêmio Nílson (contra), R. Gral, Paulo Nunes
08/05 Corinthians 1 x 2 Grêmio Rodrigo (contra), Paulo Nunes
15/05 Grêmio 1 x 1 Corinthians Paulo Nunes
20/05 Grêmio 0 x 0 Flamengo
22/05 Flamengo 2 x 2 Grêmio João Antônio, Carlos Miguel
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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