
Foi esse o uniforme, no lugar dos tradicionais calções pretos e meias brancas, que se confundiam com o uniforme dos alemães.O Grêmio de 2001 tinha as meias azuis e o Morumbi como palco. E, se os campeões do passado não conseguiram se livrar da discriminação dos paulistas, que sempre procuravam um defeito em cada conquista - em 1981, o time era defensivo, em 1983, um exército cheio de jogadores de aluguel - aversão 2001 do Grêmio tem muito a ensinar ao Brasil.
Na equipe de Tite, a defesa ataca, como mostrou Marinho, zagueiro de chuteiras brancas, no primeiro gol. E o ataque defende, como ficou claro nas duas partidas das finais contra o Corinthians. No Morumbi, Marcelinho e Luiz Mário não permitiam que João Carlos e Scheidt começassem as jogadas pelo chão, como o Corinthians se habituou. Zinho vigiava Marcos Senna, Ânderson e Rubens Cardoso protegiam os avanços de Rogério e Kléber.
E ainda tinha Zinho fechando a saída dos volantes Marcos Senna e Otacílio (ele precisava?).Ah, mas o Corinthians tem Marcelinho Carioca, Ricardinho, Ewerthon e Müller, diria o mais fanático torcedor paulista. Tinha, responderia o técnico Tite. Porque Müller e Ewerthon mal puderam jogar, tão marcados que foram por Roger e Marinho, no Morumbi - Mauro Galvão ficava na sobra. Para completar, Ânderson Polga não dava sossego a Marcelinho Carioca e Tinga... Bem, Tinga armava, desarmava e ainda não deixava Ricardinho pegar na bola.
"Marcamos a saída de bola contra times que saem com bola no chão", dizia Tite, antes da final. Quem avisa amigo é. Como os corintianos não ouviram, tiveram de dar bicos da defesa para o ataque, rifar a bola e entregá-la de bandeja para o Grêmio ser campeão.Pressionando, o Grêmio forçava o erro do adversário. E João Carlos, como se tivesse nascido em Porto Alegre vestido de azul, deixou para Marcelinho rolar para trás, para Zinho marcar o gol do tetracampeonato da Copa do Brasil.
Uma semana antes, Zinho avisou: no dia de seu 34° aniversário, queria o título da Copa do Brasil como presente. Teve mais. Ganhou o prêmio de melhor jogador em campo. Fruto de um cruzamento perfeito para o primeiro gol, de Marinho, do segundo gol que marcou de pé esquerdo e de um passe milimétrico que iniciou a jogada do gol do título, marcado por Marcelinho Paraíba.Fechou o placar em 3 x 1. Sim, porque houve um único cochilo, que permitiu a Ewerthon fazer para o Corinthians, aos 29 minutos do segundo tempo, tempo suficiente apenas para o Grêmio passar 16 minutos jogando em seu velho estilo. Em vez de marcar no campo de ataque, fechar espaços na defesa.
Em vez de forçar o erro do rival, atraí-lo para seu campo e sair em velocidade. Como autêntico time copeiro, coisa que o Grêmio sempre foi. E, como copeiro, agora já se credencia para novas jornadas. Depois de três anos, o time volta à Copa Libertadores. É tempo, então, da América aprender com o time da pressão total.
Campanha:
14/03 Villa Nova-MG 3 x 2 Grêmio Ânderson Lima (2)
21/03 Grêmio 4 x 1 Villa Nova-MG Luiz Mário (2), Zinho e Rubens Cardoso
18/04 Santa Cruz 1 x 0 Grêmio
26/04 Grêmio 3 x 1 Santa Cruz Eduardo Costa e Rodrigo Mendes (2)
02/05 Grêmio 1 x 0 Fluminense Marcelinho Paraíba
09/05 Fluminense 0 x 0 Grêmio
16/05 Grêmio 2 x 1 São Paulo Warley (2)
23/05 São Paulo 3 x 4 Grêmio Marcelinho Paraíba (3) e Zinho
30/05 Grêmio 3 x 1 Coritiba Warley, Zinho e Ânderson Lima
06/05 Coritiba 0 x 1 Grêmio Zinho
10/06 Grêmio 2 x 2 Corinthians Luiz Mário (2)
17/06 Corinthians 1 x 3 Grêmio Marinho, Zinho e Marcelinho Paraíba
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