
"Quantos minutos faltam?", perguntava insistentemente o goleiro Danriei aos jornalistas postados atrás da meta gremista. A cena ainda se repetiria por mais de uma dezena de vezes ao longo daquele segundo tempo. Tanta ansiedade tinha um bom motivo: persistindo o resultado de 1 x 0, o Grêmio se consagraria campeão da Copa do Brasil e o jogador festejaria seu primeiro título nacional. Assim, quando o árbitro ergueu o braço direito e apitou o final da partida, ninguém se surpreendeu com a explosão de entusiasmo de Danriei.
A vitória contra o Ceará deu ao tricolor gaúcho seu segundo título da competição, o que lhe valeu a fama de especialista em Copa do Brasil. Afinal, em seis edições do evento, faturou duas (1989 e 1994) e chegou duas vezes ao vice-campeonato (1991 e 1993).Para presentear sua torcida com mais um título nacional, o Grêmio lançou mão de uma fórmula bastante utilizada no futebol brasileiro: mesclar juventude e experiência em campo. Com os cofres vazios, os dirigentes gremistas investiram pouco em contratações, preferindo apostar na ascensão de jogadores jovens e no técnico e bom estrategista Luiz Felipe.
Campeão da mesma competição defendendo o Criciúma em 1991, Luiz Felipe soube trabalhar com a juventude do lateral-esquerdo Róger e do meio-campista Emerson, ambos vindos das categorias de base do clube, e a experiência dos zagueiros Paulão (ex-Cruzeiro) e Agnaldo (ex-Vitória). Em campo, o time jogou um futebol compacto, veloz e brigador. Nos dez jogos que disputou não perdeu nenhum: venceu seis e empatou quatro. Fez 13 gois e sofreu seis.Derrubando equipes como Corinthians, Vasco, Criciúma e Vitória, os gaúchos assimilaram a estratégia pregada pelo treinador, como atestou o atacante Fabinho:
"Numa competição que se joga ao estilo matar-ou-morrer, cada jogo é uma final." Foi assim em todas as partidas, principalmente naquelas disputadas fora, de casa, ocasiões em que o sistema defensivo era reforçado.
O título carimbou o passaporte para a próxima Libertadores, mas a vitória final veio numa partida contra um surpreendente Ceará, que havia desbancado o favoritismo de times como Internacional e o Palmeiras. Jogando em casa, na presença de 49 263 espectadores, o Grêmio conseguiu impor seu futebol. Em menos de cinco minutos já havia conseguido quatro escanteios, um dos quais resultou no gol do marcado de cabeça pelo centroavante Nildo. Mas apesar da supremacia gremista o Ceará não se entregava. Dos pés do veterano o meia Eiói saíam as principais jogadas da equipe nordestina, que bravamente até o fim e quase arrancou um empate.
O resultado (1x0) acabou por premiar o melhor time.Com a taça nas mãos e festejado por seus jogadores, o pé-quente Luiz Felipe repetia a receita do sucesso: "Neste tipo de competição não é preciso ter um supertime. Basta acreditar no potencial e não menosprezar o adversário, seja ele quem for". E é com a mesma filosofia que em 1995 o Grêmio volta à Taça Libertadores, que conquistou em 1983, tentando erguer pela segunda vez o troféu de campeão sul-americano. Afinal, o tricolor é um time copeiro, verdadeiro especialista em torneios desse gênero.
Campanha:
08/02 Criciúma Criciúma 2 x 2 Grêmio, Carlinhos e Gílson
05/04 Novo Hamburgo Grêmio 2 x 1 Criciúma e Carlinhos (2)
12/04 Porto Alegre Grêmio 2 x 0 Corinthians, Gílson e Fabinho
29/05 São Paulo Corinthians 2 x 2 Grêmio, Nildo e Fabinho
04/06 Porto Alegre Grêmio 1 x 0 Vitória, Agnaldo
19/06 Salvador Vitória 0 x 1 Grêmio, Nildo
03/07 Rio de Janeiro Vasco 0 x 0 Grêmio
23/07 Porto Alegre Grêmio 2 x 1 Vasco, Nildo (2)
07/08 Fortaleza Ceará 0 x 0 Grêmio
10/07 Porto Alegre Grêmio 1 x 0 Ceará, Nildo
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