segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O orgulho de ser gremista.

Por Silvio Pilau

O cronômetro sobre o pulso do árbitro marcava, aproximadamente, trinta e nove minutos do segundo tempo. No placar eletrônico do estádio, lia-se uma vantagem de dois a zero para a equipe mandante. Os dois anéis do estádio estavam tomados por pessoas de todos os gêneros e idades vestindo azul, preto e branco. Os olhos pairavam sobre a relva verde diante de si, mas a atenção permanecia voltada para uma distante partida ocorrendo no centro-oeste do país.Foi quando veio a informação de que aquele jogo havia encerrado.Houve um reduzido instante de decepção. Um átimo de segundo tomado de tristeza pela glória que se escapava. Lentamente, porém, o silêncio começou a desaparecer. Ruídos primeiramente tímidos, escassos, de mãos uma ao encontro da outra. Pouco a pouco, elas foram se fazendo ouvir. Mais e mais palmas se somavam para formar um som de reverência e respeito. Logo, o estádio estava tomado por aplausos. Uma demonstração de amor e, acima de tudo, reconhecimento.É fato que o Grêmio foi muito mais longe do que se esperava dele. No início do campeonato, analisando equipe e momento, o Tricolor tinha um futuro negro à frente. Mas esse não era um time qualquer. Ali não estava um time capaz de satisfazer com pouco e preso às regras que guiam o restante dos clubes. O Grêmio é surpresa, é superação, é subversão de expectativas. E chegou ao final do campeonato como a única equipe capaz de fazer frente ao São Paulo. Por isso, o reconhecimento emocionante de uma torcida sem igual.O que se viu no Olímpico nos minutos finais da partida e por algum tempo após seu término é algo raro no futebol brasileiro. Não é por acaso que poucos entendem o verdadeiro sentimento de ser gremista. Torcer para o Grêmio não é vibrar somente com vitórias. Não é ter paixão por faixas e troféus conquistados pelo clube. O coração gremista existe somente pelo amor incondicional ao clube. Um amor inabalável, vivo em todos os momentos e com constantes demonstrações de sentimento.Ontem, foi mais um exemplo. O Grêmio não levou o título, mas foi campeão. Não campeão moral, pois isso é coisa de time pequeno. O Grêmio foi campeão porque é um campeão sempre. Sua essência é a de um time vencedor e a postura tricolor dentro de campo mais uma vez provou isso. As lágrimas correndo pelos rostos dos jogadores significam não somente a dor da não-conquista, mas a compreensão de que os torcedores, únicos e inigualáveis, mereciam algo melhor. Esse reconhecimento é nossa grande vitória.Por isso, parabéns a todos. Parabéns aos atletas que deram o máximo de si em uma campanha magnífica. Por vezes derraparam, por vezes fraquejaram, mas souberam compreender o que significa ser gremista. Parabéns ao técnico Celso Roth, por superar um ambiente completamente contrário a si e realizar uma jornada acima de qualquer expectativa.E parabéns, acima de tudo, a essa torcida magnífica, a melhor do Brasil. Parabéns a cada um de vocês que apoiou, que acreditou, que não desistiu. Nas arquibancadas do Olímpico, com o radinho no ouvido ou simplesmente com o distintivo sobre o peito em algum lugar do mundo, parabéns e muito obrigado. São vocês, somos nós, que fazemos deste um clube diferente de qualquer outro. Somente nós conhecemos o orgulho de ser gremista.
Um orgulho que, certamente, verá muitas glórias no próximo ano.

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