segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Mais raça que juízo

O restante da rodada já tinha terminado e as atenções de todas as torcidas que se mantêm vivas na disputa do título se voltavam para os econômicos 4 minutos de acréscimos do Estádio dos Aflitos. A aflição ia além do nome do estádio. Era a cara do Náutico tentando segurar uma vitória importante em sua disputa particular, contra a aflição do líder, que tentava encerrar uma jornada de dois jogos fora com um pouco de dignidade e mantendo a mesma distância dos demais com que saíra de Porto Alegre. Estava tudo dando certo, o líder que se desequilibrara na rodada anterior estava indo com a fuça no chão. Até que socos na mesa se ouviram por todo o país: “Time desgraçado!!”

100% transpiração, 0% inspiração em uma partida fadada a nunca mais ser normal desde 25/11/2005, até mesmo quando o jogo é horrível como o que se viu ontem. O gramado dos Aflitos (que o mandante parece fazer questão de não reformar), serve de explicação mas não de justificativa. O Grêmio deixou escapar outra vez, por seus próprios méritos, a vitória e os pontos que lhe dariam tranqüilidade. Desta vez contra um adversário desfalcado de importantes titulares e jogando 49 minutos sem goleiro. Era só chutar a gol e partir pro abraço, mas nem isso o time conseguia fazer.

Também teve o fator catimba do time do Náutico. Nenhum demérito nisso, que fique claro, faz parte do jogo. O lamentável é o juiz participar dele. Vagner Tardelli: uma espécie de Leandro Vuaden às avessas. Outra observação talvez desnecessária: bafômetro pro tiozinho do carro maca, que entrava em campo quando não era chamado e quase colidiu com a trave. Num jogo destes, com tanta cara de Avellaneda anos 80, só faltava mesmo nosso goleiro ir para a área no escanteio, não voltar mais e participar passivamente do gol de empate no último segundo, com direito á bate-rebate. Esse é o Grêmio (“time desgraçado!”).

Não foi o caso de “sorte de campeão”, essa nós gastamos no dia em que a arbitragem falhou para o lado errado. Foi mais raça que juízo mesmo. Só que agora chega, Roth terá pela segunda vez no mês uma semana inteira para trabalhar. Esperamos que seja mais proveitosa que a primeira. Além de puxar a corda, está na hora de ver que tem ingrediente de qualidade mais que maduro querendo entrar nessa receita. Nada melhor que o caldeirão do Olímpico fervendo para isso. Coparemos!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Fifa: Grêmio está 'cantando na chuva'

Até a Fifa resolveu aplaudir a campanha do Grêmio no Brasileirão. O site oficial da entidade que rege o futebol mundial tem matéria de capa sobre o momento do clube gaúcho, que está "cantando na chuva", conforme brinca o texto, em referência à vitória de 1 a 0 sobre o São Paulo, conquistada em dia de mau tempo, mas mesmo assim com mais de 40 mil torcedores no Olímpico.

A reportagem destaca os números do Grêmio no Brasileirão, lembra a difícil trajetória do clube até alcançar a liderança (incluindo as eliminações na Copa do Brasil e no Campeonato Gaúcho) e faz fortes elogios ao sistema defensivo de Celso Roth.

- Eles levaram apenas 12 gols em todo o campeonato, e apenas dois - ambos de pênalti - nos últimos oito jogos, uma estatística de responsabilidade das heróicas defesas de Victor e da obstinada atuação de Léo, Réver Thiego e, especialmente, Pereira - diz o texto em inglês, em uma tradução livre.

A abertura da matéria faz referência a profissionais que saíram do Olímpico e hoje brilham no futebol mundial. São destacados o técnico Luiz Felipe Scolari e os jogadores Carlos Eduardo, Lucas, Ronaldinho Gaúcho e Anderson.

Os elogios da Fifa naturalmente ganharam destaque no site oficial do Grêmio.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Roth: 'Vitória grandiosa'

Os profissionais do Grêmio colocarão a cabeça no travesseiro neste domingo com a certeza de que superaram uma importante etapa na briga pelo título do Brasileirão. Vencer o São Paulo por 1 a 0 tem duplo significado. Representa a consolidação de uma campanha e o aumento na distância para o clube paulista, um dos candidatos ao título nacional. São motivos de sobra para Celso Roth escancarar sua satisfação.

- É, sim, uma vitória grandiosa. Mas não nos dá a tranqüilidade. É importante começar o segundo turno assim. Era um jogo de confronto direto, e tivemos a oportunidade de ganhar. Com o campo pesado, o jogo não foi bonito plasticamente. Não era a partida que queríamos em termos técnicos. Mas foi uma atuação muito boa - analisa o treinador.

Roth acredita que, pelo que jogou o Grêmio, outros gols poderiam ter saído.

- Tivemos a felicidade de fazer o primeiro gol e um volume que possibilitaria marcarmos outros - comenta.

O Grêmio volta a campo quinta-feira, no Maracanã, contra o Flamengo. A distância para o Cruzeiro, vice-líder, é de cinco pontos.

Na 'decisão' do Olímpico, Grêmio bate São Paulo e reina absoluto na liderança

O Grêmio mostrou o motivo de ser líder absoluto do Campeonato Brasileiro. No estádio Olímpico, em Porto Alegre, diante de uma torcida inflamada e com fôlego durante os 90 minutos, o time da casa venceu o São Paulo por 1 a 0, na tarde deste domingo. Impedido, Perea fez o gol decisivo e deixou sua equipe cinco pontos a frente do Cruzeiro, segundo colocado. O time paulista, que encarou o jogo como se fosse uma final, se distancia do sonho do título: agora são 11 pontos de diferença para o topo da tabela.


Com o resultado, o anfitrião é o líder isolado, com 44 pontos. O visitante tem 33 e deixou o G-4, ficando na quinta posição, pois o Botafogo venceu e assumiu o quarto lugar. Na próxima rodada, o time gaúcho encara o Flamengo no Maracanã, na quinta-feira. Um dia antes, os paulistas recebem o Atlético-PR no Morumbi.


Futebol de líder para conter o São Paulo
O primeiro tempo do Grêmio explicou em detalhes por que ele é líder do Brasileirão. Mesmo diante de um adversário muito forte, o time de Celso Roth teve solidez. Nem a presença de jogadores do porte de Jorge Wagner, Hugo, Dagoberto e André Lima fez o sistema defensivo gremista comer mosca. Os visitantes pouco agrediram. Quando conseguiam trocar passes, paravam na última barreira azul, formada pelo trio de zaga de Celso Roth.

O volume de jogo esteve bem distribuído. O São Paulo também conseguiu controlar a bola. A diferença é que as ações ofensivas dos gaúchos foram produtivas. A equipe de Muricy Ramalho ameaçou primeiro. Com cinco minutos, Hugo apareceu bem pela esquerda e mandou na área. A bola passou por André Lima e caiu do outro lado, com Dagoberto, que acabou chutando torto, sem saber se concluía ou cruzava.

Aí só deu Grêmio. Com nove minutos, Marcel recebeu a bola na ponta direita. O grandalhão dominou, protegeu, se fez de morto e de repente engatou a quinta marcha na direção da linha de fundo. Antes de chegar lá, efetuou o cruzamento no ponto. Perea, impedido, dividiu com Rogério Ceni e levou a melhor. A bola bateu no joelho no colombiano e entrou: 1 a 0 Grêmio.

Não dá para dizer que o São Paulo não tentou. Mas entre tentar e conseguir há uma diferença. Competente, o Grêmio soube conter os são-paulinos, que pareciam encontrar um adversário a mais: o gramado molhado por causa da forte chuva em Porto Alegre. Mais encorpado, o time da casa teve chances de ampliar. Perea, aos 16, chutou por cima. Pico, em cabeceio torto e depois em chute fraco, desperdiçou oportunidades dentro da área.

Antes de terminar o período, Léo, do Grêmio, e Dagoberto, do São Paulo, se enroscaram em uma disputa pela lateral e receberam cartão vermelho.

Precisando de gols e sem um atacante, expulso, Muricy Ramalho decidiu tirar André Lima e promover o retorno de Borges, há mais de um mês sem jogar por causa de uma luxação no braço esquerdo. O São Paulo veio para o segundo tempo um pouco melhor. Aos 10, Willian Magrão assustou Ceni em um chute forte. Um minuto depois, Borges acertou o travessão, mas o lance já havia sido anulado por causa de impedimento.


Pouco depois, Muricy mexeu novamente: colocou Éder Luis no lugar de Jorge Wagner e deslocou Richarlyson para a lateral esquerda. O objetivo era ter mais poderio ofensivo e aproveitar que o Grêmio perdera um zagueiro. Os donos da casa seguravam o adversário com a mesma competência da primeira etapa.
Aos 25, Marcel caiu na área e pediu pênalti, mas não foi atendido. Anderson Pico mandou outra bomba em direção ao gol de Ceni, mas errou a pontaria. A torcida anfitriã, que não parou de cantar desde o início da partida, vibrou com a entrada do ex-são-paulino Souza. Mas foi Jean, com um chute da entrada da área, que quase empatou a partida.


Paulo Sérgio também ficou perto de mexer no placar. Aos 33, Souza fez bela jogada pela esquerda e cruzou para o lateral, que chutou por cima do gol de Ceni. Aos 40, o time da casa perdeu a principal chance de ampliar: Reinaldo tirou a bola de Ceni e acertou a trave. No rebote, ainda teve outra oportunidade, mas mirou para fora. Mesmo assim, o Grêmio garantiu a vitória e a liderança ainda mais isolada.

sábado, 16 de agosto de 2008

Nascemos da bola.

Por Eder Fischer

Cândido Dias da Silva, quando veio a Porto Alegre, tinha a bola. Nada mais. E a partir desta bola, foi fundado no dia 15 de Setembro de 1903 o Grêmio Foot Ball Proto Alegrense. Depois desta data, todos conhecem a história. Mas o que poucos sabem é o que aconteceu antes disso.

Mas aqui vai uma história contada por um amigo de um amigo meu, que, segundo ele, a ouviu entre um gole e outro de cerveja em um desses bares pouco freqüentados de Porto Alegre.

A bola trazida para Porto Alegre por Cândido Dias da Silva veio de São Paulo, mas ela não era paulista. Dizem que Cândido da Silva a "ganhou" de um viajante que acolheu em uma certa noite de tempestade. A chuva caia torrencialmente, era daquelas que não precisam mais de 5 segundos para encharcar-lhe até a alma. O "Homem" estava molhado e com frio, a escuridão, o chapéu e o capote impediam Cândido de ver seu rosto. Quando voltava com vestes secas para oferecer ao estranho, a porta que antes estava fechada, agora abria e fechava com violência a chuva que entrava adentro, trazida pelo forte vento que assobiava, impediu que Cândido chegasse mais rapidamente até a porta. A visibilidade naquela noite não passava de 5 metros, mesmo assim, Cândido conseguiu ver o vulto do estranho saindo pelo portão. Desesperado ele grita: "quem é você?"

O homem pára e gira seu tronco. Mas o breu daquela noite impedia que ele enxergasse mais do que sua silhueta. Hesitou um instante, pois o homem continuava na mesma posição, inerte como pedra. Então encheu o peito de coragem e gritou em um tom desafiador novamente: "quem é você?"

Mal acabara a pergunta e um raio rasga o céu iluminando o até então estranho "sem rosto". Cândido recua dois passos. O Homem some na tempestade junto com a luz do raio. Quando abre os olhos, Cândido vê sua esposa e pergunta o que houve. Ela diz que o encontrou desacordado em frente à porta, molhado pela chuva que caía. Ele então conta a história para sua esposa, e os dois chegam à conclusão que nada ocorrera, que aquilo tudo não passara de um sonho. Até que sua esposa pergunta: "o que é aquilo que está sobre a mesa de jantar?" Cândido se levanta e, para sua surpresa, se depara com um objeto esférico revestido em couro. Era a Bola.

Não acredito nessa história como também não acredito que 7 homens podem ganhar de 11 com 2 pênaltis contra, como não acredito que um time vindo do inferno da série B pode ser um dos melhores do Brasil no ano seguinte, e tão pouco acredito que um time que há três meses era desacreditado por todos, inclusive sendo candidato ao rebaixamento, seja o líder incontestável e possa empatar com o time que era favorito, o maior rival, jogando com reservas e em território inimigo. Este é o Grêmio. O inacreditável Grêmio. A reencarnação do exército espartano. Nascido da Mãe do futebol, a bola. O time que veio a esta terra para mostrar que sempre pode ser possível. Que grandes conquistas são maiores que grandes títulos. O time que mostrou como é salgado o preço cobrado pelos que ainda ousam duvidar.

A lógica não me permite acreditar que este é um time comum, prefiro acreditar no sobrenatural, é mais fácil conformar minha mente assim. Preparem-se todos, pois a cada jogo estamos retomando um pouco mais a mística das três cores, talvez alguns ainda não se dêem conta do que está ocorrendo, e se arrependam no futuro por não estarem presente nesse novo ciclo vitorioso que se inicia. Por isso, meus amigos, domingo com chuva ou com tempestade, estarei lá, na quina do estádio junto à melhor torcida do Brasil e do mundo, pois se tratando de Grêmio, o inacreditável pode acontecer a qualquer momento diante dos poucos privilegiados 45 mil que lotarão o Olímpico.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008


Com reservas, mas não menos copeiro.

Era na casa do adversário onde o clima era de festa, não havia entrosamento e o placar acabou se tornando adverso no início do segundo tempo. Dificuldades acima de dificuldades para o time reserva do Grêmio. Um desavisado poderia arriscar todas as fichas em uma eminente goleada do time local. Mas só se não fosse a camisa do Grêmio que estivesse do outro lado. Copeira por si só, indiferente da condição de quem a está vestindo. Com ela, adversidades como as de ontem se tornam gasolina no fogo.

Não foi só o empate e a conseqüente vantagem para o jogo no Olímpico que foi conquistada por Marcelo, Léo, Jean, Thiego, Makelele, Amaral, Rudinei, Souza, Hélder; André Luís, Reinaldo, Adílson e Soares no Beira-Rio. Conquistaram uma dor de cabeça ainda maior para Roth e se credenciam como sombras para o time titular. Afinal, depois de ontem, até que se prove o contrário, a conclusão mais lógica é de que os reservas do Grêmio não perdem em qualidade para os titulares de uma das maiores folhas de pagamento do Brasil.

Marcelo se mostrou um híbrido, não só fisionômico de Victor e Danrlei, era a frieza de um e a catimba do outro. O pré-corneteado Amaral fez dar a impressão que D’Alessandro não conseguiu ser inscrito na competição. Com a saída de Thiego, Amaral deixou, sem prejuízo algum, este trabalhinho para Adílson, que muitos nem lembravam que ainda estava no grupo. Souza se saiu bem na função de distribuidor em um time onde as características de posicionamento de cada companheiro era um mistério.

Pecado não ter entrado aquele voleio do Reinaldo de fora da área e a anulação do gol em um impedimento no mínimo estranho, que estaria sendo chorado até agora se fosse para o outro lado. Foi também uma oportunidade de ouro para Léo reencontrar sua bola de zagueiro experiente de 20 anos que estávamos acostumados. Era um GRE-nal que ele precisava. Único titular do time, reserva na capitania, fez sua parte e marcou seu segundo gol em três clássicos.

Na lista de prioridades, o bom resultado não estava no topo. Veio como uma conseqüência e um prêmio pelos reais objetivos cumpridos com excelência. Além de descansados, os titulares ficaram tranqüilos, no mesmo papel de torcedor, ao ver que estiveram bem representados. Com uma pulga atrás da orelha, é verdade.

Festa gremista no Beira-Rio

O empate por 1 a 1 no Gre-Nal foi uma vitória para o Grêmio. Escalado com os reservas, o time de Celso Roth deu importante passo para buscar a classificação para a próxima etapa da Sul-Americana. Depois do jogo, os atletas comemoraram junto com a torcida, que fez a festa no Beira-Rio enquanto os colorados deixavam o estádio cabisbaixos.

O zagueiro Léo, autor do gol do Grêmio, era dos mais satisfeitos. Em seu terceiro clássico, já teve o prazer de marcar dois gols.

- Graças a Deus, aconteceu mais uma vez. A equipe está toda de parabéns. Foi um jogo difícil, pegado. Todos se esforçaram ao máximo. Saímos com um bom resultado e agora vamos decidir em casa - diz o zagueiro e capitão tricolor.

Os rivais de Porto Alegre voltam a medir forças pela Sul-Americana no dia 28 de agosto, no Olímpico. O Grêmio joga por qualquer vitória e empate sem gols. O Inter precisa vencer ou empatar por mais de um gol. Novo 1 a 1 leva a decisão aos pênaltis.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

GRE-nal “Cada um no seu quadrado”

Que saudades de quando as forças ocultas do futebol agiam com mais descrição. Como hoje, já sabíamos que o futebol não é decidido somente dentro de campo, com suor, sangue na testa, dribles, esquemas táticos e catimba. Mas também fora dele com poder político, tráfico de influência, patrocínios, direitos de imagem, e por aí vai. Só que pelo menos nos era respeitado o direito da auto-ilusão ou da ingenuidade induzida. Nesta quarta se inicia, com um GRE-nal, uma copa que por si só já desilude qualquer um quando este se lembra que ela ocupa no calendário, o lugar da antiga Supercopa dos Campeões da América.

A atual Copa Sul-americana não passa de uma degradação do calendário e da cultura do futebol do nosso continente. Como se isso já não desacoroçoasse o suficiente, ainda fizeram questão de não esconder seu verdadeiro propósito nesta edição. Poderiam ter pelo menos inventado um critério, por mais absurdo que fosse, para enfiar Boca e River na competição, todos gostam de enfrentá-los, mas o convite simplesmente por imposição da emissora latina que detém os direitos, tira o resto de credibilidade e valor que a competição teria, além de abrir um justo precedente para toda a espécie de teoria da conspiração, em todos os jogos, até o final.

O Grêmio construiu sua história enfrentando também essas forças ocultas. Venceu e perdeu batalhas em campo ou que já estavam escritas fora dele, mas nunca deixou de lutar e não será desta vez. Porém, há outras prioridades a prestigiar e iremos com um time reserva. O esmero no clássico que abre a competição, até valeria a pena em outro momento, se estivéssemos em décimo lugar no Brasileirão ou com uma necessidade de auto-afirmação no futebol internacional, mas não é o caso. Arriscar jogadores e deixar de poupar o time para um enfrentamento de seis pontos em um campeonato que leva à nossa obsessiva Libertadores, não vale a pena. Portanto, está acertada a decisão de poupar os titulares neste Gre-nal rebaixado à coadjuvante.

Além do justo descanso dos bravos para o importante jogo contra o São Paulo, o GRE-nal proporciona ao Grêmio a chance de algumas observações importantes em um teste de luxo. O adversário, sem as mesmas condições de priorizar qualquer coisa e necessitado como nunca de justificar seus milionários investimentos, vem com força máxima e toda a obrigação de vencer. Esses fatores acabam emprestando um pouco mais de interesse ao clássico. Além, é claro, do fato incondicional de ser um Gre-nal. Seja qual for a prioridade e o espírito de cada parte e a condição em que foi colocado.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Sobrenatural

Quando a gente pensa que o Grêmio do Roth já nos surpreendeu o bastante, vem a imortalidade novamente mostrar que “Grêmio” e “surpreender” são palavras que não se casam. Mas 4×0 nunca será um placar natural num confronto entre Grêmio x Atlético em qualquer lugar ou circunstância. O que vimos ontem foi a consolidação do sobrenatural, a palavra que explica, não os fins, mas os meios desta liderança inédita do Grêmio ao fim do primeiro turno de um Brasileiro sem mata-mata.

Sobrenatural como Marcel sendo eleito o melhor em campo, não pelo papel de centroavante (até perdeu gol na cara), mas pela armação de jogadas. Sobrenatural como um goleiro do tamanho do Victor ter tanto reflexo como demonstrou mais uma vez. Sobrenatural como o trabalho do melhor setor defensivo ser responsável também pelo melhor ataque da competição. Induzindo á insistência em transpor o quase intransponível até provocar a impaciência e o inevitável erro, invertendo também a lógica de que a melhor defesa é o ataque.

Sobrenatural como a preparação física demonstrada pelo time em um campo enorme como o do Mineirão, três dias depois de parecer cansado em um jogo em casa. Sobrenatural como Reinaldo entrando no final da partida e marcando dois gols em sete minutos. Sobrenatural como ter Souza no banco de reservas, entrando no final das ultimas três partidas sempre com participação direta em gols.

Sobrenatural como os 72%, que é o recorde de aproveitamento de um clube ao final do primeiro turno na era dos pontos corridos do Brasileirão. “Sobrenatural nada” diria a camisa tricolor se tivesse boca. “Sou assim mesmo, ainda não aprendeu?”.

Meio caminho andado, ainda são 19 jogos para o time manter esta obediência tática e a determinação de um grupo operário. Um turno inteiro para a torcida continuar fazendo a sua parte, dentro e fora de casa, para aí sim gritar “É campeão”, com a mesma naturalidade de sempre.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Grêmio deixa o Inter comendo poeira e fecha turno com 15 pontos de vantagem

Se alguém afirmasse, quando começou o Brasileirão, que o Grêmio terminaria o primeiro turno como líder da competição e com 15 pontos de vantagem sobre o Inter, correria o risco de parar em um hospício, acusado de loucura. Pois aconteceu. Em uma impressionante reviravolta, o Tricolor superou todas as expectativas e deixou o rival, um dos favoritos ao título, comendo poeira.

O Grêmio, afogado por enorme crise após as eliminações na Copa do Brasil e no Campeonato Gaúcho, fechou o primeiro turno com 41 pontos, o que rende 71,9% do aproveitamento, o maior percentual já alcançado por um clube ao término da primeira metade do Brasileirão desde que a disputa passou a ser feita em pontos corridos. Já o Inter, apontado como um dos favoritos ao título e campeão gaúcho com goleada de 8 a 1 sobre o Juventude, encerrou a metade inicial do Nacional apenas em décimo, com 26.

O Grêmio venceu cinco jogos a mais do que o Inter. O clube do Olímpico é muito superior ao rival no ataque (35 gols azuis contra 21 vermelhos) e na defesa (o Tricolor foi vazado apenas 12 vezes, e o Colorado 20). Com a ótima campanha, o Grêmio abriu nove pontos de vantagem para o Vitória, o primeiro não-classificado para a Libertadores, e está cinco à frente do Cruzeiro, o vice-líder. O Inter tem sete pontos de distância para o G-4.

Delegação é recebida com festa

Após a goleada por 4 a 0 sobre o Atlético-MG, a delegação do Grêmio chegou a Porto Alegre com festa neste domingo. No início da tarde, aproximadamente 400 torcedores recepcionaram os jogadores, dirigentes e integrantes da comissão técnica, no Aeroporto Salgado Filho.

Os jogadores que mantêm o Grêmio na liderança do Brasileirão, e conquistaram o simbólico título de campeões do primeiro turno, foram cercados pelos gremistas. Os principais personagens tiveram de parar para sessões de fotografias e autógrafos. Houve tanto assédio que os jogadores precisaram ser escoltados até o ônibus.

Título do primeiro turno solidifica grande trabalho de Roth

A diretoria do Grêmio teve coragem em abril e está colhendo os frutos agora. Há quatro meses, o time gaúcho entrou em profunda crise ao ser eliminado precocemente do Campeonato Gaúcho e da Copa do Brasil. Massacrado pela imprensa e odiado pela torcida, Celso Roth balançou no cargo. Só não foi demitido porque o presidente Paulo Odone e o diretor de futebol André Krieger resolveram segurar a bronca. Agora, com o título do primeiro turno do Nacional, o treinador vê seu ótimo trabalho reconhecido.

O meia Tcheco, capitão do Grêmio, destaca a importância de Roth para campanha vitoriosa do Grêmio no Brasileirão.

- Temos que valorizar o trabalho do Celso, que tem o grupo nas mãos, como o Mano tinha no ano passado. Temos a mesma forma de jogar dentro e fora de casa. Estamos consolidando uma campanha que surpreende muita gente, mas que agora é realidade - diz Tcheco.

Celso Roth não esconde seus méritos. Ele não fala muito sobre o assunto, mas deixa claro que reconhece sua importância para o Grêmio.

- As equipes que venho treinando sempre são organizadas. Temos uma estrutura dentro de um esquema definido de trabalho. Todos sabem o que fazer, e aí aflora a qualidade - comenta o treinador que comanda o melhor time da primeira metade do Brasileirão.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Grêmio pode bater recorde de aproveitamento no Brasileirão

Que o Grêmio está muito bem neste Brasileirão 2008, todos sabem. Mas um número escondido entre as estatísticas aponta a grandeza da campanha. Se vencer o Atlético-MG amanhã, em Minas Gerais, o Tricolor será o clube de melhor desempenho no primeiro turno desde 2003, ano em que o campeonato começou a ser disputado por pontos corridos.
Chegando a 41 pontos, o time do técnico Celso Roth terá feito 71,9% de aproveitamento. Até agora, o mais efetivo foi o São Paulo em 2007: 70,1%. A pontuação nos anos anteriores até foi maior, mas havia mais rodadas. Tamanha eficiência vem sendo tratada com reservas no Olímpico.
– Ainda não ganhamos nada. Mas a cada rodada mostramos que não estamos na ponta por acaso – afirmou Roth.
O capitão Tcheco, após a vitória apertada sobre o lanterna Ipatinga, ressaltou:
– Tivemos uma prova do equilíbrio dos times. Sorte que estamos vencendo. Fruto do nosso empenho também.
Ala fala em pequena parada
Um empate com o Galo fará o Grêmio ter o segundo melhor desempenho (68,4%) dos primeiros turnos. O que pode ser considerado um bom resultado caso Roth poupe atletas que vêm atuando com freqüência, casos de Perea e Paulo Sérgio. O ala-direito admite:
– Existe o cansaço. Esta pode ser a hora certa para uma pequena parada – salientou.