quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Primeiros e inigualáveis

Por Silvio Pilau

Todo mundo sabe quem foi Yuri Gagarin. Aquele soviético maluco que topou ser mandado ao espaço, lugar onde humano nenhum jamais tinha ido. O primeiro homo sapiens a sair do planeta. O primeiro. Diversos outros foram depois dele, mas, tenho certeza que, se eu perguntar, poucos saberiam o nome destes.
Um dos nomes citados provavelmente seria o de Neil Armstrong. Mas não simplesmente por ele ter ido ao espaço, e sim por ter sido o primeiro astronauta a pisar na lua. Mais uma vez, o primeiro é lembrado. Outros pisaram na lua depois dele, mas poucos saberiam o nome destes.
Charles Miller é um cara que não chegou a ir pra lua ou pro espaço. Na verdade, ele nem deve ter saído muito do chão. Porém, é outro homem bastante lembrado. Reverenciado até hoje por ter trazido o futebol ao Brasil. Ou seja, o primeiro a jogar bola em terras tupiniquins. Primeiro. Outros praticaram o esporte até hoje, mas ele garantiu sua marca.
E se Charles Miller não chegou ao espaço, teve outro homem que pelo menos voou. Santos Dumont inventou o avião lá pelas bandas de Paris. Foi o primeiro homem a voar. Primeiro. Diversos outros decolaram, planaram e pousaram depois dele, mas nenhum é tão célebre. Nenhum tão reverenciado.
Tá, mas essa não é uma coluna sobre o Grêmio? É. E esta, em especial, é uma coluna sobre os vinte e quatro anos do título mundial do Grêmio. Há dois dias, eu e todos os gremistas completamos esta data. Vinte e quatro anos do primeiro campeonato mundial de um clube do Rio Grande do Sul. Do mais importante campeonato mundial do Rio Grande do Sul.
Convenhamos, sejamos razoáveis. Não vou nem entrar no ridículo argumento de legitimidade da FIFA e coisa e tal. Isso é coisa de time pequeno e o rival não é pequeno. A conquista do ano passado comprovou isso e cada vez que a torcida deles bate nessa tecla, o título diminui. É uma pena que a torcida colorada não tenha a grandeza que o clube alcançou. A rivalidade poderia ser muito melhor.
O fato é que o Rio Grande do Sul descobriu o mundo com o Grêmio. O que veio depois, ano passado, só existe graças a 1983. Sem essa conquista, não haveria a façanha colorada. Como todos desbravadores, o Grêmio trilhou caminho. Abriu possibilidades e inspirou gerações. O título mundial originado dos pés de Renato foi a maior façanha futebolística gaúcha de todos os tempos.
Porque todo gremista sabe a sensação de ser campeão do mundo. Os colorados? Estes só souberam, ao menos uma vez, o que é ser igual a nós.

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