segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Respeito, acima de tudo.

Por Silvio Pilau

Já faz algum tempo que decidi não mais discutir futebol com colorados. Sei que muita gente tira um grande prazer desses colóquios futebolísticos sobre rivalidade, mas o fato é que nada sai daí. No fundo, eles são apenas uma perda de tempo. Ninguém vai conseguir convencer o outro lado. Jamais o seu argumento, por mais lógico e arrazoado que seja, será aceito pelo outro como verdadeiro. São discussões pautadas unicamente pela emoção e por amor cego, sem qualquer resultado.Claro que essa é uma posição que nem sempre consigo seguir. Vez ou outra, encontro-me debatendo com colorados a importância de um título como a Sul-Americana, a legitimidade do Mundial Interclubes, a não-conquista da vaga na Libertadores no centenário e muitas outras coisas. No entanto, sempre que isso acontece, procuro manter a discussão no tom da brincadeira e do bom humor, tentando me divertir ao máximo em tal momento. Nunca deixando a conversa descambar para a insensatez e a falta de respeito.No que concerne a mim e meus papos sobre futebol com amigos, consigo fazer isso. Sei que a posição deles é, igualmente, a de uma conversa divertida e de uma provocação saudável, que faz parte da magia desse esporte. Porém, com mais freqüência do que gostaria, vejo e tenho notícias de resultados desagradáveis saídos dessa rivalidade, como se o amor cego pelo clube se transformasse em um ódio cego por qualquer pessoa que vista a camisa do rival. Aqui mesmo no Final Sports tivemos um exemplo claro disso na semana passada. Um texto publicado no lado gremista despertou uma reação pelo lado colorado, inclusive com ofensas ao autor. De quebra, os comentários foram inundados por declarações de baixo nível, por parte de ambas as torcidas. Esta é somente mais uma prova do motivo pelo qual procuro evitar o desgaste de discutir futebol: não se chega a lugar algum e, se uma das pessoas for mais exaltada, o clima pode ficar pesado e com resultados que ninguém gostaria.No caso dos textos já citados, não cabe tentar apontar quem estava certo e quem estava errado. Cada um vai tomar a posição no lado que mais lhe convém - leia-se, no time que torce. Mas até nisso é possível ser educado. Há algum tempo, postei um texto com o título “Eu Amo o Inter”. Claro que não passava de uma brincadeira, uma ironia, um texto que jamais desrespeitava o adversário. Recebi centenas de mensagens no Orkut que eram simplesmente ofensas a mim, sem qualquer tentativa de argumentação.O que fiz? Respondi uma a uma. Todas as que eu pude responder. Mas não no mesmo nível. Respondi de forma educada, tentando argumentar e falando que uma reação a nível pessoal como a que os colorados estavam tendo era desnecessária. Para muitos, foi um tapa de luva. Boa parte me retornou pedindo desculpas, compreendendo a insensatez de tal reação. Claro que muitos continuaram com as ofensas, mas fiquei satisfeito por ter feito alguns perceberem seus erros e compreender que é possível, sim, uma rivalidade alicerçada no respeito não somente pelo rival, mas pelo ser humano.É claro que essas palavras que vocês lêem agora não farão a menor diferença. Gremistas e colorados vão continuar discutindo. E, quanto a isso, não vejo qualquer problema. Nem quero que isso pare. Enquanto as provocações mantiverem o tom de amizade, o toque saudável de ironia e a criatividade única que as torcidas têm, comprometo-me a acompanhar de perto e, quem sabe, até participar de algumas.A minha ressalva é quando a discussão sai do nível da civilidade. A partir daí, é somente um passo para os xingamentos, para as brigas, para as mortes. E é apenas isso que peço: respeito, bom senso e civilidade. A rivalidade pode ser sensacional quando se mantém dentro desses valores. Um pouco de provocação não faz mal a ninguém. Mas que seja feita dentro dos limites.

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