sexta-feira, 18 de julho de 2008

A nossa obrigação

Por Silvio Pilau


O Grêmio de ontem ainda não é o Grêmio de 2008. Só assim para explicar a tenebrosa atuação da Ilha do Retiro. Sei lá, talvez os jogadores estejam esperando a chegada dos últimos reforços, talvez Celso já esteja pensando na Libertadores do ano que vem, talvez Odone e a cúpula estejam com a cabeça na Arena. Não sei. O que sei é que o desempenho gremista contra o Sport conseguiu ser ainda mais horrendo que o gramado do estádio.

Aliás, não é a primeira vez que o Grêmio assusta pela precariedade da atuação. Uma rápida olhada na tabela esclarece o fato de que o Grêmio não tem uma boa apresentação desde a partida contra o Atlético-PR, no já longínquo vinte e dois de junho. Há quase um mês. Um mês de atuações fraquíssimas, de escassez de criatividade, de falta de entrosamento e de ausência de lances bonitos. Um mês arrancando um pontinho aqui, um pontinho ali, simplesmente pela vontade, pelos milagres de Victor e, sejamos sinceros, pela sorte.

Tudo bem que é um momento de transição. Jogadores importantes saíram, outros irão sair e muita gente vai chegar. O Grêmio, como supus na primeira frase desse texto, ainda não é o Grêmio definitivo deste ano. No momento, estamos no casulo, ainda que reste a dúvida se o que sairá lá de dentro será uma borboleta ou uma lagarta. Mas esta é a única explicação para tentarmos compreender o desastre das últimas rodadas. A solitária razão para não estarmos pedindo a cabeça de certos atletas e dirigentes.

Às vezes, é hora de deixar a paixão de lado e deixar o lado racional assumir. Somos vice-líderes, sim, mas a equipe do Grêmio é fraca. Não é mediana, não é razoavelmente boa, é fraca. Temos deficiências nas laterais, uma defesa inconstante, um meio-campo cheio de falhas e um ataque ineficiente. Isso não é questão de interpretação, é fato. O Grêmio só está no topo da tabela pela também inépcia dos adversários, mas isso não pode mascarar os defeitos da equipe.

Há jogadores no elenco que não deveriam nem vestir a camisa gremista. Falta-lhes o brio, a garra e o talento. Falta-lhes tudo aquilo que forma um jogador verdadeiramente gremista. Não são todos, claro, e não preciso nomeá-los aqui – basta assistir a uma partida para saber do que e de quem estou falando. São atletas que transformam momentos de êxtase, como deveriam ser as partidas do Grêmio, em exibições torturantes, daquelas onde pensamos e desejamos estar em outro lugar.

Estou fazendo, sim, um desabafo. O desabafo de um verdadeiro gremista, que sofre por ver o time que domina seu coração não fazendo jus a toda sua história. Um verdadeiro gremista que sabe que uma crítica não é uma vaia, mas uma forma de apoio. Mas um gremista que não desistirá de acreditar, nos bons e maus momentos, nas vitórias ou nas derrotas.

Até porque, como gremista, esta nada mais é que a minha obrigação.

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