terça-feira, 13 de maio de 2008

Santo Morumbi

Por Felipe Sandrin

Era o segundo tempo de uma partida pegada, com ambos os times marcando forte, poucas jogadas e muita vontade. Era jogo para um único gol, porém, diversos sentimentos. A derrota resultaria em profunda tristeza, marcaria muitas vidas. Em um único gol, muito mais do que vencer ou perder, em um único gol... O destino.

“Vai se liberando para receber o jogador Paulo Roberto, Renato, de cabeça, Baltazar matou bonito, bateu... GOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLAÇO, GOLAÇO, GOLAÇO, de Baltazar. Mas que gol lindo. Matou e bateu no ângulo esquerdo, indefensável para Valdir Perez”. Grêmio, campeão brasileiro de 1981.

Foi no dia 03 de maio de 1981. O Grêmio ganhava seu primeiro titulo brasileiro. Um Morumbi lotado se calou e a pequena torcida gremista presente no jogo agigantou-se, podendo ser ouvida em cada canto do imponente estádio.

Lá, onde Baltazar marcou aquele antológico gol está a prova perfeita da mágica que move um clube. Pereira não é um gênio da bola, um atacante matador ou mesmo um defensor intransponível, porém, veste ele a história de Baltazar e de tantos outros imortais.

Lá, na mesma pequena área de um segundo tempo brigado, Pereira exorcizou seus medos, suas duvidas, e colocou para fora o verdadeiro grito de quem tem a alma tricolor. Podia não valer título algum, mas certamente aquele gol não teve um simples gosto de início de campeonato. Para nós gremistas, aquele momento abrigou uma sensação muito maior do que esperávamos e quem sabe tal sensação não seja um sinal dos dias que estão por vir.

O Grêmio é isso, e para os que ousam não acreditar nele, cabe esta lição: se somos imortais, temidos, respeitados, invejados e copiados, não é à toa. Quando alguns de vocês, torcedores gremistas, pensarem em duvidar novamente do Grêmio, lembrem de Baltazar, lembrem de sua luta para conquistar nosso direito de sonhar, de acreditar, e de torcer por um clube vitorioso.

Porque o Grêmio é maior que tudo isso e quem sabe o infinito demais uma conquista, não comece nessa estréia, com cara e alma de Grêmio. Empolgação minha? Talvez, mas eu prefiro chamar de agradecimento... Honra herdada de meus heróis.

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