segunda-feira, 12 de maio de 2008

É preciso reconhecer

Por Silvio Pilau

Criticar é fácil, dizem por aí. A criação mais fraca sempre é mais válida que a crítica mais bem feita, também afirmam. Não chego a ir tão longe, pois considero a crítica um elemento essencial para a evolução de qualquer coisa. A crítica tem seu papel importante, seja no cinema, na literatura, na política e, claro, no futebol.

Como bem sabe quem me lê há algum tempo, utilizo este espaço não somente para odes à paixão gremista, mas também para críticas. Quando vejo algo errado no clube, quando acredito que erros são cometidos e pontos podem ser melhorados, falo isso aqui. Não com o objetivo de criar clima ruim, mas de ver o Grêmio ainda melhor e mais forte.

Fiz isso com Celso Roth. Não aprovei a contratação dele, tanto pelas circunstâncias nas quais ela ocorreu, quanto pela própria história do treinador. E, ainda hoje, mantenho sérias dúvidas sobre o fato de ele ser o comandante ideal para o Tricolor. No entanto, se faço críticas quando elas são necessárias, também é preciso elogiar quando preciso. É preciso reconhecer quando o trabalho é bem realizado e dá resultados.

Sábado à tarde, no Morumbi, o Grêmio estreou no Brasileirão batendo o campeão São Paulo. Um resultado inesperado e surpreendente para todos, até mesmo para os gremistas. E, mais importante, foi uma vitória justa, de uma equipe que soube jogar de igual para igual, com consistência e um esquema muito bem montado que deu certo dentro de campo. Em outras palavras, uma vitória dos jogadores e, principalmente, do técnico.

Sim, Celso Roth foi o principal responsável pela largada com o pé direito no campeonato. Pela primeira vez desde que assumiu, suas mudanças deram certo. O novo esquema, utilizando 3-5-2 com o irrepreensível Pereira como líbero, funcionou como maravilha. O Grêmio soube se postar, marcou duro e só não ganhou por mais porque o árbitro não deixou. E o melhor: não retrancou. Quando esteve à frente do placar, o Tricolor tocou a bola, segurando-a no campo do adversário, como deve ser feito. Não foi uma atuação magistral, mas foi uma partida segura, capaz de dar novas esperanças aos torcedores.

Há pouco tempo, escrevi uma coluna com o título “Cala a minha boca, Celso”. Nela, dizia que não acreditava ser Roth o treinador ideal para o Grêmio, mas desejava que o trabalho desse certo e que ele calasse as críticas. Pois sábado ele começou a fazer isso. Apenas começou, que fique claro. Ainda falta muito para o Grêmio evoluir e é fundamental não deixar a vitória enganar, acreditando que o clube já um dos favoritos. Estamos muito longe disso.

Mas Roth merece, sim, nossos aplausos. Criticar é fácil. Elogiar aqueles aos quais criticamos anteriormente não é. Mas é preciso reconhecer quando o trabalho dá certo. Como foi o caso sábado.

Nenhum comentário: