
Por Silvio Pilau
Ontem à noite, na longínqua região do Centro-Oeste, mais especificamente no segundo Rio Grande do Sul conhecido como Mato Grosso, o Grêmio fez a sua estréia na Copa do Brasil 2008. Surpreendentemente, foi um jogo difícil, mais pela fraca atuação gremista do que pela qualidade do adversário. O Grêmio jogou mal, de forma displicente e quase saiu de lá com um resultado vergonhoso, mostrando que ainda tem muito a ser corrigido.
Mas o que mais chamou a atenção na partida não foi a vitória. Não foi o campo melhor que o esperado e muito menos a quantidade de gremistas na torcida. O verdadeiro atrativo do jogo foi o próprio Jaciara. Ou, como colocou um inspirado editor da Zero Hora há alguns dias, o Imortal Jaciara. Sim, porque o honroso e valoroso adversário do inefável duelo de ontem à noite é um clube criado e inspirado no nosso Grêmio.
Entrei no site do Jaciara para maiores detalhes, mas não há esclarecimentos a este respeito. O que fiquei sabendo é que a brava equipe vizinha ao Pantanal foi fundada por gaúchos, mais especificamente, gremistas. Desde então, o irrefreável Jaciara tem desfilado seu futebol aguerrido pelos campos mato-grossenses baseando-se no clube que mais inspira torcedores, seguidores e admiradores em todo o mundo.
Mundo? Sim, mundo. Engana-se quem pensa que o Jaciara é o único a usar o Grêmio como modelo. Diversos outros clubes do planeta têm nas cores, na força e na tradição gremista uma fonte de inspiração. Seja do outro lado do planeta (o japonês Frontale Kawasaki) ou aqui ao lado (o argentino Almagro), passando pela Suíça, Estados Unidos e ainda outras localidades no próprio Brasil, o Grêmio é referência.
E entende-se isso. O Grêmio é um clube fácil de se admirar porque o Grêmio é um tipo de clube para o qual todos gostariam de torcer. Um clube que carrega uma tradição de vitórias impossíveis e conquistas inacreditáveis, que normalmente surge de surpresa e arrebata mentes, corações e troféus. O Grêmio não apenas joga, mas vibra dentro de campo. Quem veste a camisa sabe que não está apenas desempenhando uma profissão, mas carregando nas costas a responsabilidade de fazer jus ao que outros fizeram antes dele.
Aquilo que tanto propagamos – a característica de jamais desistir, de doar-se por cada lance, de sangrar, se preciso – desperta a admiração das pessoas. Tem gente que, primeiro, prefere ser o melhor para depois ser campeão. O Grêmio não. O Grêmio primeiro é campeão e nem sempre é o melhor. É o mais bravo, o que não desiste e o que não se entrega. Melhor? Mesmo quando campeão, raramente o Grêmio é o melhor.
E todo mundo adora exemplos de bravura e coragem. Por isso o Grêmio, hoje, tem parentes em todo o mundo. Clubes que se inspiram e se remodelam pensando no Grêmio. Como o Jaciara, que ontem demonstrou vontade que deixou todos os gremistas orgulhosos. Pode ser um time tecnicamente fraco, mas tiveram a postura digna de carregar o nome do nosso Grêmio.
Uns se inspiram, outros imitam. Alguns até bem próximos, como aquele clube que colocou luminoso no estádio, mastro com bandeira e criou uma torcida claramente baseada nos seguidores da nação gremista.
Mas tudo bem. Ser grande é ser inspiração. Especialmente para quem passou anos e anos vermelho de raiva e inveja.
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