
terça-feira, 6 de outubro de 2009
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Sem perder o espírito!
Por Felipe Sandrin
Não trata-se mais de acreditar em título ou mesmo numa vaga para a Libertadores, mas sim em acreditar no equilíbrio, nunca alcançado dentro do campeonato. O clube de melhor campanha em seus domínios padece sobre oscilações e inconstância quando joga fora.
O campeonato está longe de terminar, mas as esperanças se esgotam ante a pergunta sem resposta: por que jogamos tão mal longe do Olímpico? De onde vem esta diferença tão brutal de futebol?Seria mais fácil de entender se jogássemos mal, seria simples pensar que vencemos não convencendo, mas isso não acontece: em casa somos, ousados, fortes incansáveis; o time atira-se de tal forma que não existe medo de derrota e assim a vitória surge com naturalidade, sem obrigação, apenas por determinação.
Coantra o Goiás, mal chagávamos ao ataque, e mesmo assim foi uma das partidas fora de casa na qual mais atacamos. Como pode o time se esconder tanto? Por que a bola fica tão pouco conosco sendo que temos jogadores experientes e habilidosos?
Nosso grande problema tornou-se a passividade. Jogando fora, nosso pensamento fica em contra-ataques, em um único ataque que mude o jogo, um gol que nos tranque na defesa. Mas porque não fazemos como no Olímpico? Por que não marcar a saída de bola, atacar, atacar e atacar? Qual o risco de sermos ousados? Perdermos? Mas é isso que vem acontecendo desde o início, então não existem mais riscos, apenas novas buscas.
Autuori é tático, estuda, analisa e busca aperfeiçoar posições, mas hoje nossos grandes problemas não são individuais, mas sim de grupo. Enquanto uns entram voando, outros então no marasmo do “empate é bom”, e nesse ritmo o grupo fica sem forças para reagir, tomamos gols e o time pensa que ai está mais uma derrota.
O time precisa produzir. Contra o Sport, faremos isso; mas e contra Atlético e Corinthians? Dois jogos fora de casa, dois jogos de fundamental importância, que botariam o clube novamente na briga pelo equilíbrio que sagrará o campeão.
O time precisa produzir, atacar, atacar e atacar, moer o Sport desde o início, mas o mais importante é assim que o jogo acabar tentar não esquecer a forma com que jogamos, a forma como fomos ousados, porque se conseguirmos ser isso nas partidas longe temos muito mais chance de vencer do que ficando atrás como um time medíocre.
Temos jogadores bons, que desequilibram, temos até o artilheiro do campeonato, melhor então manter a bola lá na frente, não é mesmo? Nossa defesa é muito boa, mas defesas estão ai mais para afastar perigos do que cadenciar jogo ou decidir em jogada individual.
Precisamos de vitórias, de ousadia, precisamos entender que não há mais nada a perder e ser corajoso significa correr riscos.
Se é pra perder, que percamos lutando e atacando, porque dessa forma perdemos apenas o jogo e não nosso espírito. Perdendo o jogo, ainda teremos o próximo, mas perdendo o espírito, só o que nos sobra é a morte lenta e o adeus frustrado de quem pouco fez e nada mereceu.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Exército Gremista

Inspiração europeia
O futebol europeu me deixa mal-acostumado. É sempre a mesma coisa. Basta começar a temporada no Velho Mundo que me dou conta de como a bola jogada aqui no Brasil é fraca. Não que nossos jogadores sejam ruins, mas os melhores jogam na Europa. Este ano, ainda temos um Adriano, um Ronaldo, um Fred, um Gilberto, que acrescentam qualidade ao nosso Brasileirão. Mas o fato é inegável: comparado ao que é apresentado em gramados, principalmente, da Espanha, da Itália e da Inglaterra, o que se vê aqui chega a ser vergonhoso.
Com exceção da última partida pela Liga dos Campeões, assisti aos três jogos anteriores do Barcelona. É algo impressionante. Atualmente, ninguém joga futebol melhor e mais bonito que o clube catalão. A equipe de Guardiola tem uma combinação perfeita entre classe, habilidade e agressividade, conseguindo marcar e atacar com grande eficiência. Claro que o ataque, com Messi, Ibra e Henry, é infinitamente melhor que a defesa, mas o Barca, além de golear, consegue morder e apertar tanto que os adversários não conseguem jogar.
O time grená é, hoje, o pináculo do futebol mundial, mas não é o único que joga com beleza em terrenos europeus. Assistir a Chelsea, Real, Manchester e até clubes medianos é sempre um prazer, pois se encontra um futebol que não temos aqui. São poucos erros de passe, jogadores que sabem bater na bola, juízes que deixam a partida correr e extrema eficiência na marcação. Exatamente o contrário dos chutes de canela, displicência dos atletas e covardia dos árbitros que acompanhamos no Brasil.
E acompanhar o futebol europeu, como disse no início desse texto, está me deixando mal-acostumado. Digo isso porque a minha visão do futebol costuma ser diferente daquela que a maioria tem. Por exemplo, muita gente viu o Grêmio com boa atuação no último domingo, contra o Goiás. Paulo Autuori, inclusive, foi um deles. Porém, ao meu ver, o Tricolor foi patético. Ainda na metade do primeiro tempo, mesmo vencendo o jogo, falei para quem estava ao meu lado que o Grêmio perderia aquele jogo.
Não, não estava secando. Mas qualquer um via que a equipe não sustentaria a vitória por muito tempo. Simplesmente pairava o desinteresse em todos os atletas com a camisa gremista. A marcação, que sempre foi a grande força desse clube, chegava a dar vergonha. Os jogadores do Goiás dominavam a bola e carregavam-na por dez, quinze, vinte metros sem serem incomodados. A distância entre nossos marcadores e quem dominava a pelota era imensa. Encurtar espaço pra quê? Léo Lima disparou do meio de campo e chegou na cara de Victor para cabecear sem um esboço de reação de qualquer gremista para marcá-lo. Assim é fácil.E com a bola no chão não foi diferente. Rochembak conseguiu errar todos os lançamentos que tentou. Tcheco sumiu novamente. Souza exagerou nas firulas. Jonas e Maxi não conseguiam segurar a bola – mas, a favor deles, a ligação direta defesa-ataque foi feita durante toda a partida. Bruno Collaço foi o covarde de sempre: burocrático e só com passes para trás. E Thiego... ah, Thiego. Preciso falar sobre Thiego? Que ele não é lateral, todo mundo sabe. O problema é que nem mesmo como zagueiro ele deveria vestir a camisa do Grêmio. É jogador de segunda divisão do Gauchão, no máximo.
E Autuori? Evitei até o momento reclamar do treinador para ver se o tempo gerava resultados. Porém, a cada novo jogo eu me decepciono um pouco mais. Tudo bem que faltam opções de reposição quando ocorre a perda de atletas, mas o Grêmio tem um time titular bom que poderia render mais, especialmente fora de casa. O grande problema da equipe, que passa diretamente pela mão de Autuori, é a apatia. O Grêmio parece não entrar em campo com a vitória como objetivo. Se ganhar, se perder, tudo parece estar bem. Cadê a vibração que tanto orgulha os tricolores? Por onde anda a marcação que sempre foi o destaque gremista? Onde foi parar a fibra e a luta que nos deram tantas glórias?
Hoje, o Grêmio é passivo, covarde. Uma equipe que parece jogar por obrigação. Um time que se amedronta quando está ganhando e se diminui até tomar os gols e entregar mais uma partida. Claro que não é sempre assim. No campeonato, já fizemos ótimos jogos. Mas o fato é que o Grêmio jamais deve com esse desinteresse. Jamais. Talvez Autuori e os jogadores achem que um ou outro jogo de apatia pode acontecer. Pois, antes que seja tarde demais, é bom que eles entendam: para o verdadeiro gremista, isso é inaceitável.
Torcer, torceremos sempre. Mas está cada vez mais difícil não se irritar vendo os jogos do Grêmio.
Sorte que a temporada europeia está apenas no início.