quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A praga do “Vesgo”

Por Cristiano Zanella

Recordar é viver! E o povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la! Esta semana um amigo (diga-se de passagem, baita gremista) enviou-me uma mensagem de e-mail que tinha como assunto “Grandes títulos, só em dez anos”, e trazia anexada uma imagem da contracapa do jornal Correio do Povo, do dia 02 de março de 2005. Nela, Mário Sérgio – o “Vesgo” –, então coordenador técnico do Grêmio, previa que o tricolor iria amargar uma década de insucessos até que um título importante fosse conquistado. “Grandes títulos só dentro de dez anos”, preconizava o “Vesgo”, grande jogador, comentarista esportivo experiente, empresário e técnico de futebol. Direta, sincera, nua e crua, a frase de Mário repercutia mal entre os dirigentes tricolores, que prontamente trataram de desmenti-la e descontextualizá-la, numa clara demonstração de – no mínimo – falta de autocrítica.

A comparação era inevitável: recuei mais alguns anos no tempo, especificamente ao ano de 2001, e lembrei da frase do então coordenador técnico do co-irmão ribeirinho, João Paulo Medina, ao traçar um diagnóstico do Inter da época. Segundo Medina, o clube levaria entre quatro e seis anos para tornar-se auto-sustentável, prazo no qual seu trabalho começaria a “dar frutos” (títulos). Para quem estava há mais de duas décadas “na seca”, é até normal... mas a frase estremeceu os alicerces coloridos, causou enorme polêmica às margens do Guaíba e culminou com a demissão do professor Medina. O ano era 2001, o Grêmio Tetra Campeão da Copa do Brasil, com o pastor Adenor no comando – o mundo é mesmo uma grande piada! Quase dez anos atrás... é tempo pra burro!

Pois a avaliação de Medina foi exata, não é preciso lembrar-lhes o porquê. Duas frases, dois profissionais sérios, dois clubes em processo de reformulação, e a mesma avaliação: é preciso organizar-se primeiramente como instituição, e depois como equipe de futebol. Talvez (e é muito provável que) a gestão de Duda Kroeff, no Grêmio, repita a gestão de Fernando Miranda, no Inter – sem títulos expressivos, mas deixando a casa em ordem, para então partir para algo mais do que meros Gauchões (pra quem está desde os tempos do Tite “na seca”, é o que tem)!
Esta semana, o “Vesgo” – que é vesgo, mas não é bobo (olha pra um lado e lança a bola pelo outro) – desembarcou no Salgado Filho com o mesmo discurso de 2005, quando esteve no Grêmio: a identificação com o clube, os grandes títulos conquistados, a visão pragmática e objetiva, solicitando apoio à torcida, exigindo motivação aos atletas! Desta vez (ainda) não arriscou um prognóstico para a próxima década (até porque, não costuma ficar mais de meia temporada pelos clubes onde tem passado)!

Mário Sérgio Pontes de Paiva, Campeão do Mundo, rogo-te uma praga: para cada “dez anos do Grêmio sem grandes títulos”, ficarás vinte sem ganhar nada, e tua sina como treinador será a derrota até o fim dos teus dias – e, por fim, a Tríplice Coroa Centenária estará resumida ao Carnaval de Porto Alegre, ao Gauchão e a Suruga Cup (e, por hora... é o que tem)!
Futebol é momento, e de uma hora pra outra tudo pode mudar! Torço para que a praga do “Vesgo” não se concretize, mas, caso ele venha a acertar sua previsão de 2005, (ufa!) quase cinco anos já se passaram! E, pensando bem, se for preciso mais vinte, trinta, quarenta ou mesmo cem anos para um título de expressão, não importa – maior ainda será o meu gremismo! Jamais nos matarão! Assim foi, assim será, e não adianta... Afinal de contas, é Grêmio sempre!!!

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