quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

11 de dezembro de 1983

11 de dezembro de 1983. O dia mais importante da história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. O dia em que a terra se rendeu ao Imortal Tricolor. O dia em que o primeiro clube do Rio Grande do Sul chegou ao topo do mundo.À meia noite(horário de Brasília), o Tricolor entrava em campo no Estádio Nacional de Tóquio para fazer história. Ao redor do mundo, o coração de uma nação inteira pulsava na ponta da chuteira daqueles 11 guerreiros tricolores.O Grêmio iria encarar o Hamburgo, da Alemanha, que mostrara uma certa arrogância nos dias que antecederam a grande partida. Eles subestimavam e mostravam desconhecimento sobre o Tricolor gaúcho.
Eles iriam conhecer o Imortal horas depois.O time gremista entrou em campo com camisa tricolor, calções brancos e meias azuis, que tiveram que ser providenciadas de última hora, já que os organizadores não permitiam que as cores dos ítens do uniforme fossem semelhantes ao do adversário. O jogo começou tenso, com muitos erros de passes. O gramado seco dificultava o toque de bola.O Grêmio começou a se impor, aos 37 minutos do primeiro tempo, Renato recebeu a bola na direita, driblou a marcação e chutou cruzado, entre o goleiro e a trave esquerda. Grêmio 1 a 0. No Salão Nobre do Conselho Deliberativo do Grêmio, centenas de conselheiros e dirigentes vibravam na frente do telão disponibilizado pelo Clube.
Na pista atlética feita de "tartan" no Estádio Nacional de Tóquio, o técnico Valdir Espinosa, que antes da partida anunciou que deixaria o Grêmio independente do resultado, se abraçou com Renato comemorando a vitória parcial. Na etapa final, o Hamburgo ficou com o domínio das ações, mas praticamente não levou perigo ao gol de Mazaropi, que brilhou em algumas intervenções. Já nos minutos finais, o time alemão tentou um ataque pela esquerda. Voltando para ajudar na marcação, Renato conseguiu roubar a bola no campo de defesa e chutou para lateral. No momento em que esticava a perna finalizar o movimento do chute, o craque gremista sentiu fortes cãimbras e deixou o gramado para ser atendido na beira do campo. Neste momento, o único em que Renato estava de fora, o Hamburgo chegou ao empate. Bola levantada na área gremista e Schröeder empurrou para as redes.
Eram 40 minutos do segundo tempo. O desânimo desabou sobre os torcedores das organizadas do Grêmio que assistiam à partida na sala do Departamento Eurico Lara, na frente de um pequeno aparelho de TV. Muitos já estavam no pátio de estacionamento esperando o apito final para iniciar a festa. A cerveja já tinha terminado. Os poucos fogos que estouravam na madrugada daquele domingo em Porto Alegre, naquele momento, não eram de gremistas. Qualquer obediência aos critérios táticos já tinha sido deixada de lado por parte dos jogadores gremistas. A vitória chegaria na raça, na vontade...na imortalidade.
No Brasil, a TV Gaúcha continuava com as imagens dos atletas gremistas extenuados, atirados ao chão esperando a prorrogação. Logo aos 3 minutos da primeira etapa, novamente brilhou a estrela de Renato. Ele recebeu na área cruzamento vindo da esquerda, dominou com o pé direito, driblou a marcação e chutou com a outra perna, no canto do goleiro Stein. Grêmio 2 a 1! Não dava mais para perder. Já nos minutos finais, num contra-ataque, o atacante Caio (aquele mesmo que marcou o primeiro gol na final da Libertadores contra o Peñarol) perdeu a chance de colocar de vez seu nome na história do Grêmio como "o artilheiro das decisões". Ele recebeu a bola logo após a linha divisória do gramado, entrou completamente livre com ela dominada e, na entrada da área, mandou uma bomba por sobre o travessão.
Por sorte, esse gol não fez falta. Grêmio Campeão Mundial! Nada pode ser maior!Festa no Japão, festa em Porto Alegre e em todo o Estado do Rio Grande do Sul. Os relógios marcavam quase três horas da manhã, quando a torcida gremista tomou conta das ruas da capital gaúcha. O ponto de encontro foi a avenida Érico Veríssimo, esquina com avenida Ipiranga, ao lado do prédio do jornal Zero Hora. Antes de partir para o local da festa, os torcedores das organizadas do Grêmio que viram a partida na sala do Departamento invadiram o Salão Nobre do Conselho para confraternizar com os dirigentes e conselheiros. No vestiário do Estádio Nacional de Tóquio, Renato comemorava o título, os dois gols e a escolha de melhor em campo (o jogador recebeu um carro da Toyota).
Os jogadores eram abraçados por torcedores que conseguiram entrar. Foi uma festa inesquecível. O Grêmio, com dois gols de Renato Portaluppi, derrotava o Hamburgo por 2 a 1 e conquistava o Mundial de Clubes, maior título de sua história. Grêmio, Campeão do Mundo. Nada pode ser maior.
Confira a ficha do jogo histórico:
GRÊMIO 2 x 1 HAMBURGO
Local: Estádio Nacional de Tóquio (Japão)
Árbitro: Michel Vautrot (França) Assistentes: Toshikazu Sano (Japão) e Shizuhasu Nakamichi (Japão)
Cartões amarelos: Mazaropi, Caio, Renato e De León (Grêmio) ; Stein (Hamburgo)
Gols: Renato, aos 37 minutos do primeiro tempo; Schröeder, aos 40 minutos do segundo tempo; e Renato, aos três minutos do primeiro tempo da prorrogação
GRÊMIO:Mazaropi, Paulo Roberto, Baidek, De León e Paulo César Magalhães; China, Osvaldo (Bonamigo) e Mário Sérgio; Renato, Tarciso e Paulo César Caju (Caio). Técnico: Valdir Espinosa
HAMBURGO:Stein, Wehmeyer, Hieronymus, Jacobs e Schroeder; Groh, Rolff e Magath; Hartwig, Hansen e Wuttke. Técnico: Ernst Happel

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