quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Nos pés do menino.

Por Felipe Sandrin

Todos nós gremistas já vimos o Grêmio renascer, conhecemos nossa força e dela tiramos este desígnio de nunca nos entregarmos. O Grêmio mágico que emerge do mais profundo inferno e glorifica-se nos céus é a constância que mantém nosso sentimento de imortalidade. Mas tamanhos feitos não surgem apenas porque queremos. É necessário mais do que simplesmente querer. É necessário que algo do tamanho de nossa fé se materialize: o ato que preceda o milagre.
Quem viu a partida de sábado talvez já entenda do que estou falando. Douglas Costa, um gremista que desde pequeno acompanha o clube das arquibancadas do Olímpico. Um garoto com um sonho, com um sincero desejo de ver materializar-se a mágica que só o Grêmio é capaz. Um garoto de 18 anos que treinou sua vida inteira esperando a oportunidade de mostrar o porquê merece vestir nossa camisa.
Para os que pensam que exagero, digo que revejam os lances da partida, onde um garoto em seu primeiro jogo, diante da responsabilidade de manter o clube vivo na briga pelo título, estreou fazendo gols e dando passes que pouquíssimas vezes neste mesmo campeonato vimos algum jogador do Grêmio fazer. Um garoto de 18 anos, que muitos apontam como um novo Ronaldinho – em talento, não em trairagem – entra numa partida decisiva, com toda responsabilidade de criação de jogadas e por nem um minuto se abstém de tamanha responsabilidade.
O Grêmio que padecia nesta segunda fase, era o Grêmio já desenhado da primeira. Todos os adversários sabem como jogamos, conhecem cada uma de nossas jogadas, pontos fraco e fortes de cada jogador. O Grêmio que decaía a cada partida era o Grêmio que havia muito não se renovava. Douglas trouxe mais do que sua habilidade precisa, ele veio trazendo a renovação, a esperança de surgir um novo ídolo para o qual podemos voltar nossos olhos, esperando, mendigando uma jogada brilhante, um lance que decida.
Douglas trouxe mais do que a própria vitória contra o Botafogo traria: vem dos pés dele a esperança que faz com que sigamos acreditando neste título. Porque se nossa maior força vem das arquibancadas, nada melhor do que alguém que saiu de lá, alguém que entende nossa força, e sabe do que o Grêmio é capaz.

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