sábado, 27 de setembro de 2008

373.

Por Eder Fischer

Nossas vidas são breves se comparadas à existência, é quase injusto que elas durem somente 60, 70 ou 80 anos. Muitas coisas sensacionais e inimagináveis não presenciaremos após o nosso fim. O Tele-transporte, o Homem em Marte, carros voadores, Internet que não cai... Enfim, aventuras e tecnologias possíveis hoje somente nos estúdios cinematográficos de Hollywood. Talvez por isso os antigos alquimistas buscavam incessantemente o elixir da longa-vida. Há, porém, uma forma de se conquistar a imortalidade, e não é uma nova droga experimentada por cientistas suecos em ratos de laboratório, a imortalidade pode ser alcançada por um sentimento que esteve sempre presente na humanidade, mas que ainda não foi devidamente explorado. O Amor.

Esqueçam o amor das novelas da Globo, o amor que me refiro não tem a ver com sexo ou desejo, este amor é um sentimento de preocupação com o próximo, algo que faz com que nos sacrifiquemos em prol de algo ou alguém que julgamos ser realmente importante. Não vou me aprofundar e ter a pretensão de explicar o que pensadores, cientistas e poetas tentaram sem sucesso até hoje. Mas sei o que é o amor, mesmo sem poder explicá-lo, como pai e como Gremista somente esta palavra curta de quatro letras pode traduzir o que sinto. O amor pode abreviar nossas vidas, pois nos sacrificaremos, se preciso, por ele. Então como pode o Amor imortalizar alguém? Pensem em todos os grandes personagens da humanidade, que morreram ha pelo menos 20 anos. Desde Cristo. Todos estes grandes nomes tinham uma coisa em comum. O Amor.

O Amor pela humanidade fez com que Cristo se submetesse a uma morte terrível e a uma vida de devoção. Foi o Amor pela música que fez Mozart compor maravilhas que serão admiradas para sempre. Foi o Amor pela arte que fez com que simples pintores expressassem através de pinceladas um universo inteiro em uma tela. Há também o amor burro, pois foi o mesmo amor pela Alemanha que levou Hitler a promover um dos atos mais bestiais que a humanidade tem conhecimento. E foi também o Amor pelo Grêmio que levou Eurico Lara a fazer o impossível para defender sua meta, ele foi o primeiro atleta a ser canonizado por uma torcida. Afinal, ele literalmente morreu pelo Grêmio. Contrariando ordens médicas, ele ignorou a tuberculose em estágio avançado e foi para um Grenal que decidia a Copa Farroupilha de 1935, onde heroicamente agüentou o primeiro tempo da partida antes de ser levado às pressas para o hospital, de onde não sairia mais com vida. Após ver o Grande Lara sair à beira da morte de campo, um sentimento contagiou os jogadores gremistas que eram dados até então por todos como derrotados, e os levou a fazer dois gols decretando o Grêmio como Campeão. Esta data é até hoje lembrada e comemorada com um jantar promovido pelo Grêmio. Lara pode ter morrido há mais de 50 anos, mais assim como Mozart, Cristo e até mesmo Hitler chegou à notoriedade mesmo que não mundialmente como os outros citados e serão para sempre lembrados por seus grandes feitos. Em outras palavras, se tornarão Imortais.

No GREnal 373, que é tido por muitos como o mais importante desse novo milênio, promete ser também o mais equilibrado. E e o que decretará no final o vencedor será o algo a mais. Creio que, se o algo a mais Gremista for o amor, temos grandes probabilidades de sermos nós a levarmos os três pontos. Não me refiro somente ao amor ao Grêmio e sua torcida, mas joguem pelo amor que vocês têm pelas suas profissões, pela bola. Vocês que vestirão a camisa tricolor domingo e têm a sorte de estar exercendo a profissão que amam, já pararam para pensar o que estariam fazendo se não estivessem jogando futebol?

Então, domingo, joguem com suas almas, com o coração na ponta da chuteira, porque este Grenal pode ser a arrancada rumo à conquista do Brasileirão. E se isto ocorrer, com certeza se tornarão Imortais.

Nenhum comentário: