sábado, 17 de maio de 2008

Se formos o Grêmio

por Eder Fischer

Perguntem a qualquer comentarista de futebol. Quais os quatro times que podem ganhar o título do Campeonato Brasileiro este ano? Com certeza o Grêmio não estará na lista. Se a pergunta for feita para um torcedor gremista, esta resposta será diferente. Se for para um torcedor, o Grêmio é candidato forte. Se você é gremista e sua resposta não for esta, aconselho escolher outro time para torcer. O Grêmio costuma ser cruel com os incrédulos, não vou citar todos os grandes feitos, pois hoje em dia é só acessar a wikipedia e veremos todas as façanhas tricolores ao longo desses quase 105 anos de glórias. Se pesquisarem um pouco mais, verão que poucas vezes éramos favoritos, ou bem longe disto.

Como disse Humberto Gessinger, “ser gremista é achar que dá. E dá”. Duvidam? Voltem para fevereiro de 2006, vínhamos jogando o Gauchão com o time base que disputou a segunda divisão, muitos duvidavam que seriamos campeões, mas fomos. Fora a expectativa sobre o Gauchão, tínhamos uma angustia ainda maior quando o assunto era Brasileirão. Sinceramente, qual era a sua expectativa naquele ano para o Campeonato Brasileiro? Uma vaga na Sul-Americana? Não ser rebaixado? Afinal, cachorro mordido por cobra tem medo de lingüiça. Digo sinceramente para vocês, eu acreditava no título, parece louco, mas acreditava pelo simples fato de não sermos favorito, por ter jogadores que mesmo sem terem muita técnica, eram identificados com o Grêmio e por ter uma torcida invejada, enaltecida, temida e imitada por todos. Pois chegamos em terceiro lugar naquele ano.

Quando surgem no gramado vestindo o nosso manto sagrado, sob o canto quase hipnótico de Grêeeeemiooooo... Grêeeeemiooooo... Aqueles jogadores deixam de ser Roger, Paulo Sérgio ou Pereira, eles são você e eu, eles são toda a nação tricolor encarnada. Naquele momento para nós, verdadeiro gremista, não importa tanto quem estiver jogando desde que faça o seu máximo para honrar a camisa que veste, se não for habilidoso o suficiente, corra, se não for rápido, use a força, se não for forte, use a raça, mas se não tiver raça, não adianta ter nenhuma das qualidades anteriores, não entre em campo. Não cogitamos qualquer outra hipótese que não seja a vitória, não desejamos uma vitória faceira com um placar mentiroso, mas a vitória suada, a vitória conquistada e não, “ganhada”. Se for aos 42 do segundo tempo com um gol de panturrilha, melhor.

Se formos o Grêmio de André Catimba que destruiu uma hegemonia no estado, que fez o gol como um carrasco e comemorou como um suicida. O Grêmio de Baltalzar, o Artilheiro de Deus, calando um Morumbi lotado, o Grêmio de César contra o Peñarol, apresentando o Grêmio para o Mundo, conquistando uma Taça Libertadores, do tempo em que a Libertadores era conquistada por homens acima de atletas, do tempo que se comemorava sem risos e papel purpurinado, e sim, com sangue na testa, um titulo que só os mais valentes conquistaram. Se formos o Grêmio dos cortes secos de Renato, das defesas de Lara, Mazaropi e de Danrlei, do “canhão” de Éder, da mágica de Denner, da força e da raça de Dinho, da cabeçada de Jardel, da bomba de Ailton em 96, da categoria de Paulo Nunes e de tantos outros que passaram pelo Monumental, mas se acima disto, se formos o Grêmio da torcida que sempre empurrou o time, da torcida que emocionou o país quando continuou no estádio cantando o hino do clube após perder o título da Copa do Brasil, que lotou o Olímpico e acreditou em resultados que só poderiam ser conseguidos pelo Grêmio, que ensinou ao Brasil um jeito novo de torcer, da torcida que canta mais alto, mesmo em menor número e em campos inimigos, da torcida que nos enche de orgulho quando vemos uma camisa do Grêmio em um jogo do futebol turco, quando vemos um profissional esquecer a ética e exibir o seu amor pelo Grêmio mesmo estando em outro clube (vinguei meu Grêmio). Enfim, se formos o Grêmio, a torcida do Grêmio, que levou um time mediano a disputar a final da Libertadores, arrancando testemunhos boquiabertos até mesmo dos nossos “inimigos”, Seremos campeões. Só depende de nós.

Um pequeno exercício, pense, qual time do Brasil você acha que o Grêmio é incapaz de ganhar. Sinceramente não vejo nenhum. Por isto no domingo botarei minha camisa tricolor, minha manta da Geral e estarei lá, na quina do estádio junto a melhor torcida do Brasil e do mundo. Apoiarei, pois quero fazer parte do início dessa jornada, rumo a mais uma façanha tricolor.

P.S.: Parabéns ao Samuel Muca, pelo nascimento de sua primeira filha. Foi ontem, aumentando ainda mais a nossa já superior torcida. Que ela seja um talismã toda vez que você levá-la a nossa nova arena, e, que juntos, vocês possam ver muitos títulos do imortal.

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