sexta-feira, 2 de maio de 2008

Muito mais que moda

Por Silvio Pilau


Juro que não é por ser gremista, mas acho a camisa do Grêmio uma das mais bonitas do mundo. Sério. No Brasil, com certeza, está em primeiro lugar. Dentro de nossas fronteiras tupiniquins, nenhum clube possui uniforme tão belo e plasticamente bem acabado como o Tricolor. As listras verticais, naquela fabulosa combinação de cores, posicionam-se no mínimo um degrau acima de qualquer outra vestimenta no futebol nacional.


Digo isso porque a função ocorrida anteontem no Olímpico, com presença de misses e globais, fez com que eu pensasse em tudo o que representa o manto tricolor. Sei que toda torcida vai dizer que acontece o mesmo com o seu time, mas ouso discordar. No Grêmio, a torcida jamais deixaria acontecer algo semelhante ao que ocorreu com o Palmeiras, por exemplo, que perdeu a identidade do branco e verde para esse amarelo escandaloso de hoje. Jamais. O Grêmio é azul, preto e branco. Sempre.


Engana-se quem pensa que o uniforme vestido pelos gremistas é apenas uma camiseta, um calção e duas meias. Não é. É muito mais que isso. O manto Tricolor é uma entidade por si só. Não é somente uma forma de identificação dos jogadores em campo. O que ele carrega não é somente um monte de linhas de tecido. Ali, impresso no azul, no preto e no branco estão mais de cem anos de história. Está a imortalidade de Lara. A impetuosidade de Renato. O sangue de De León. O bigode de Felipão. Ali, estão as vozes incansáveis de milhões de torcedores.


A camiseta gremista é um uniforme de guerra. Um atestado de força e de espírito. Não é qualquer que consegue vesti-la com propriedade. Quem o tenta sem compreender o que ela significa em breve sentirá problemas de coluna. Porque é um peso, e um peso difícil de carregar. É preciso ter a consciência da história única, da tradição de lutas, das inefáveis conquistas. Só quem atinge este nível de percepção sente-a como ela deve ser sentida: parte intrínseca de cada um de nós.


Uma rápida googleada comprova tudo isso. Querem ver? Coloquem lá no campo de pesquisa algo sobre o significado de cores. Vão descobrir que preto significa morte, luto, terror, enquanto o branco simboliza paz, calma e pureza. Preto e branco, portanto, em centenário embate, uma combinação entre medo e serenidade, entre guerra e paz. É o Grêmio aguerrido, peleador, copeiro, mas o Grêmio capaz de levar sua torcida ao mais alto nível de serenidade e êxtase.


Já o azul, bem, o azul simboliza espírito, lealdade, fidelidade. O azul é a torcida, apaixonada como poucas por este clube. Uma torcida que já provou inúmeras vezes jamais desistir e estar ao lado do clube nos momentos mais difíceis. Uma nação leal e fiel, com espírito de bravura como poucas, capaz de ir ao inferno e retornar de lá com o sentimento ainda mais forte e real. Uma torcida que faz jus à camiseta que veste, como se esta fosse uma segunda pele.


Por tudo isso, sinceramente, não dei muita bola ao lançamento do novo uniforme. Nunca o faço. Minha única preocupação é que não destruam o uniforme número um gremista, o manto listrado de três cores. Se ele continuar com suas características, estarei feliz. Se os estilistas não inventarem demais, estarei satisfeito. Pois a história estará mantida.


Até porque, convenhamos, o Grêmio é muito mais que um estilo de moda. É um estilo de vida.

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