quinta-feira, 3 de abril de 2008

Reflexões à meia-noite

Por Silvio Pilau

É quase meia-noite e começo a escrever a coluna. Normalmente, preparo-a mais cedo, até porque se deixar para depois dos jogos pós-novela vou acabar dormindo tarde e estar acabado no trabalho do dia seguinte. Hoje, porém, optei por escrever depois do duelo contra o Atlético de Goiás. Sei lá, tive uma intuição de que o jogo não seria tão fácil e tão comum como a grande maioria esperava. Nunca tinha visto o adversário jogar, mas achava isso. E estava certo.

Em primeiro lugar, é uma noite pra ser esquecida. Não sei se é a tal maldição do Serra Dourada ou puro acaso, mas foi uma viagem desastrosa para o Grêmio. Reinaldo se lesionou no treino. Pico nos primeiros minutos de partida. Nunes pouco depois e o recém-ingresso André Luiz mal tocou na bola. A bruxa andava solta pelas bandas do Centro-Oeste. Com tanta coisa ruim caindo para o nosso lado, o resultado até pode ser tomado como razoável.

No entanto, não deve ser. Não gosto de fazer aquele tipo que fica dizendo “eu avisei”, mas eu avisei. No mínimo em três colunas comentei que o time do Grêmio era melhor que o que diziam, mas ainda insuficiente. Precisávamos de reforços. Grupo, meus amigos, grupo. Até então, só havíamos enfrentamos adversários fracos do Gauchão. O primeiro oponente que jogou de igual para igual causou todo esse alvoroço no Tricolor.

O que ficou claro ontem é que faltam peças de reposição. Ouviu, Pelaipe? O Grêmio não vai jogar o ano inteiro com um time titular. Os caras vão se machucar, vão ter diarréia, vão fazer noite e acordar de ressaca. É preciso reservas de qualidade. Ontem à noite, tivemos uma alteração estapafúrdia, digna de um clube da terceira divisão gaúcha: sai Nunes, entra Thiego. Desde quando dois jogadores como esse deveriam estar no Grêmio?

Que pelo menos a derrota tenha servido de lição. A derrota que demorou a vir, mas acabou surgindo na hora certa. Sim, hora certa. O Grêmio vai reverter esse placar aqui no Olímpico. Mas capitular ontem diante do Atlético foi bom para abrir os olhos desses engravatados que só pensam na Arena. O Grêmio precisa de jogadores. Rudnei de titular de um dos clubes mais vencedores do Brasil? Que brincadeira é essa? Ver aquele cara conduzir a bola é como assistir uma pantomima de Chaplin.

Agora, Roger. Ontem, Roger foi o cara que eu pedi naquela coluna quando da contratação dele. O cara que estava com vontade de jogar. Sim, o chamado playboy, estrelinha, namorador de celebridades correu, deu carrinho, lutou e, acima de tudo, chamou o jogo para si. Não foi brilhante tecnicamente, mas fez a diferença. Quando ninguém aparecia, surgia o loirinho com suas meias arriadas. Quando Paulo Sérgio, apesar da bem-vinda disposição, deixava buracos, surgia Roger. E, quando o Grêmio mais precisou, apareceu Roger, com o golzinho que deixou os corações gremistas mais tranqüilos.

A atuação de ontem do Grêmio foi péssima, que fique bem claro. Ok, tivemos os problemas de lesão e isso deve ser levado em conta. Mas quase ninguém jogou bem. E a derrota deve fazer a direção repensar algumas coisas. Por isso, até acho que o placar final foi bom. Os dirigentes tomaram uma sacudida e, graças ao tento de Roger, temos totais condições de reverter. Aqui, tenho certeza, o dragão vai miar ao invés de cuspir fogo.

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